Páginas

domingo, 6 de setembro de 2009

O Golpe (Parte 3/8)

Leia antes o Capítulo 1 e o Capítulo 2.

Após uma pausa de olhares o militar me olha com certo sarcasmo e fala.
- Certo, mas por precaução, obtivemos esta liminar (O soldado alto me apresentou o documento) para manter dois vigilantes nesta redação, a fim de que esta mentira não seja motivo de problemas futuros com este jornal. Ficando claro esse ponto, deixarei aqui o soldado Marinho e o sargento Souza. Souza ficará em sua sala e vai instalar uma escuta em seu telefone para o caso do anônimo voltar a ligar. Marinho ficará passeando na redação a fim de conhecer melhor este trabalho, seu sonho é de ser um militar-jornalista.
Sabia que a posição dos dois era estratégica. Um evitaria que eu recebesse qualquer ligação e dessa forma me privaria de ordens para meus subordinados. O outro poria medo nos meus repórteres. Eles não diriam isso diretamente, mas todos entenderiam.
- Bem, se tratando de uma ordem judicial terei que acatar, mas deixo claro que acionarei imediatamente os advogados do jornal para tirar seus capachos de minha redação. A censura que isto significa é ultrajante.
- Senhor, queria deixar claro também, que a liminar impede o senhor de publicar qualquer informação sobre esta intervenção. O não cumprimento deste fator poderá ocasionar na sua prisão e em multa ao jornal. Isso era tudo, agora tenho outros jornais a visitar, boa noite.
Quando Souza começa a instalar a escuta e Marinho parte para a redação os repórteres começam a se agitar. A maior parte deles não gosta de militares.
- Amigos (Digo em voz alta para todos), hoje teremos a companhia de dois militares. Este é Souza, ele veio me assessorar com alguns futuros problemas em meu telefone. E este é Marinho, ele gostaria de conhecer um pouco da nossa profissão, então ficará conosco passeando pela redação. Peço que lhes deem a devida atenção.
Dizendo isso volto para minha sala, agora preciso esperar o e-mail e pensar em uma forma de despistar Souza.
Chega uma mensagem nova, justamente a que eu esperava.


(Continua..)

Um comentário:

  1. Entendi a sua ideia com o capítulo. Você quer fazer com que ele tente levar adiante a ideía de publicar a notícia, mesmo com os militares vigiando, para dar mais empolgação a história. Além disso, você quer transformá-lo em herói, pois avisando a população a tempo, o golpe pode ser evitado. Ou, se ele não conseguir, você vai transformá-los em mártir. Já deu pra sacar a história de cara, e isso não deve acontecer se você quer audiência. (Não fique chateado comigo, só quero ajudá-lo). Outra coisa é que a história está sem credibilidade, pois o leitor não vai engolir que nos tempos de hoje os militares vão fazer isso. Outra questão é que o jornal registro alternativo dever ser muito enorme para eles deixarem dois militares lá somente para isso. E nos tempos de hoje, instalar escuta no local é meio fora do comum. Se eles tem esse tipo de autorização, inclusive do STF, que ainda não entendi como pôde ocorrer a sua participação, porque não vão a uma companhia de telefone e grampeiam as ligações se eles saberem para pegar o informante mais facilmente. Isso não parece fazer parte de profissionais, mas de um banco de amadores que nem sabêm direito o que estão fazendo. Os militares hoje em dia são bem treinados para isso.

    ResponderExcluir