Respiro fundo.
Mais uma vez...
Pronto, agora posso escrever sobre este monstro de mim.
Constantemente preciso utilizar todas as minhas forças para
o controlar. Para mantê-lo dentro da jaula.
Mas sou fraco e com frequência o libero.
Ele me impede de escrever, algo que amo. Pois não tem
paciência comigo. Ele fica me falando: “vamos, vamos, chega a este fim logo”.
Mas quero os detalhes, quero fazer ligações entre minhas
ideias, deixar sugestões ocultas, mensagens sublimares.
As vezes eu o engano e só escrevo. Sem pensar. Escrevo e escrevo.
E depois releio e vou tentando encaixar as coisas, melhorar minhas ideias...
Mas ele é cruel: “reler? Chega. Passa para o próximo!”
Muitas vezes não o consigo vencer. Hoje sim!
Sim! Hoje sim!
Foda-se você, monstro. Vou voltar do início e vou rever
minhas ideias. Vou rescrever frases. E depois vou continuar. Sim! Eu vou!
Hoje eu continuo. Mas a jaula é frágil. Nunca tive hábito de
roer a unhas. Não, ele não me ataca assim. Mas a fome... “Mais comida, mais
comida. Salgado, besteira. Mais comida!” Recentemente o doce passou a agradá-lo.
Hoje não!
Não, hoje não!
Foda-se você, monstro. Hoje vou me regrar, me saciar e
agradecer! Isso basta...
O monstro, muitas vezes, fala por mim. Um pecado disfarçado.
Sim, ele se fantasia de preguiça, mas de preguiçoso não tem nada. Ele é
simplesmente, infelizmente, impaciente. “Para que estudar mais? Para que
arrumar isso. Já está bom...” Essa voz... Essa voz foi a que mais me controlou.
Pois ela me engana. Afinal, vem disfarçada de algo que considero bom (em alguns
momentos). Mas não aqui. Aqui é apenas impaciência. Hoje não!
Não, hoje não!
Foda-se você, monstro, hoje eu vou me dedicar a esse texto e
buscar colocar tudo o que gostaria de colocar nele. Até me cansar!
O monstro hoje está preso. Ou não. Quantos foram os momentos
que o ouvi. Que eu o liberei. Que eu andei lado a lado com ele.
Todos os dias são assim. As vezes me sinto mais controlado.
As vezes controlo mais.
Foda-se você, ansiedade! Hoje sim! Hoje não!
Nenhum comentário:
Postar um comentário