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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Triste fim

Luzia Marcolino Silveira, 60 anos, completados hoje. Base de sua família, ela passou a ser considerada mais um número para o Governo Federal nas estatísticas de aposentados. Até ontem ela era um outro dado estatístico, não menos importante, mas pouco valorizado. Não custava nada a ninguém. Ou melhor, era um dado interessante apenas para sua família e a alguém responsável por dar o carimbo final em seus documentos.
Sua primeira atitude de hoje? Comprar um saco de bombons Sonho de Valsa, na verdade ela queria um de Ouro Branco também, mas a aposentadoria não lhe foi tão grata assim. Ela recebe o mínimo, igual a seu marido. Juntos, têm uma renda de R$ 930,00*, uma filha de 16 anos para criar e inúmeras contas a pagar. Todas obtidas graças à indisposição física para o trabalho. Faxineira desde que se entende como gente, Luzia tem problemas nos braços, não aguenta muito trabalho.
Luzia não se importa de poder comprar apenas um saco de bombom, nem com as dores no braço. Ela está feliz. O incomodado sou eu. Incomodo-me de vê-la nessa situação. Digo, estou feliz por vê-la feliz e aposentada. Mas triste pelo contexto, pois ela vai parar de fazer faxina na minha casa.

*texto escrito em 2009





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