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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Sentimento de culpa

7 de setembro, dia de desfila, dia da independência, dia de grito dos excluídos para mim foi um dia de depressão e luta interior por meus princípios éticos.
A mais de seis anos, que todos o dia 7 de setembro em minha cidade ajudo a organizar o GRITO DOS EXCLUIDOS. Já fizemos atos louvados por todos, ganhemos respeito na cidade, em anos não tão fortes, em anos muito fortes. Entremos com caixão representando a corrupção, ocupamos o desfile no ano em que o secretario da educação não permitiu o grito desfila, entremos com faixas, mega fone, teatro... Enfim já quase todos os anos éramos a noticia após o “Desfile cívico”.
Este ano realizei uma batalha interior ao ser impedido de participar, sou educador social na cidade vizinha, e o projeto onde trabalho iria desfilar, sem muita opção todos os educadores tiveram que acompanhar o desfile, de camiseta, em fila e marchando(me neguei a marchar) e assim fomos passando em frente ao palanques cheio de uma corja de animais.

Durante todo o desfile minha vontade era sair correndo, levantar uma faixa e grita... Infelizmente nada fiz. Fiquei extremamente deprimido no momento em que encontrei alguns camaradas do PCB distribuindo manifesto em nome dos trabalhadores, fiquei com o coração na mão quando encontrei o Padre Bento com a camisa “CONTRA A REDUCAO DA MAIOR IDADE PENAL”. Senti-me impossibilitado e amarado ao sistema opressor, era eu parte deste sistema. Mesmo sabendo que as condições do sistema de assistência social tentam fazer o possível, mesmo sabendo que dou parte de mim para passar algo aos meus adolescentes e crianças em nome de um “outro mundo possível”.
Estava eu amarado, chorando por dentro, sofrendo em ser parte da “marcha”, sentia que eu era mais um boneco sem vida, e que o prefeito e todos mais olhavam La de cima e diziam: “quem manda aqui, nos ou o povo?”

Meu grito ficou preso na garganta. E isso dói, dói não poder gritar...
E este é meu maior medo, ficar impossibilitado de um dia gritar...
Muito penso disso tudo, penso em como, aceitei, penso em como me calei, penso em por que não perdi um dia de trabalho...

São as condições do sistema que te impedem de gritar, e o mais duro é você saber que deve e não poder.
Maldito sistema
E confesso que me senti fragilizado, impotente, infeliz... Sinto que trai o que acredito...
Fico triste... E peço desculpa a todos os companheiros por não estar naquele momento também na luta.


Rodrigo Szymanski

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