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terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Golpe (Parte 8/8)

Cochilo até as seis, Na verdade, não consegui dormir direito, ficava imaginado militares entrando na redação. Aguardo até as sete. Os jornais já foram distribuídos. O telefone toca, sei o que é, mas não atendo. Antes eu encaminho os e-mails e atualizo o site. Toca novamente o telefone. Atendo.
- Parabéns meu amigo!
- Lucas?
- Sim.
- Meu telefone está grampeado, cuidado com o que falar.
- Entendi. Mas só liguei para deixá-lo tranqüilo. Agora a população já sabe de tudo. Espero que fique tudo bem com você.
Ouço a porta da redação, algumas pessoas entram no recinto.
- Lucas. Eles chegaram. Faça o que tiver que fazer, mas tome cuidado. Eles vão utilizar a força para conseguir o que querem.
Desligo o telefone na mesma hora em que os mesmos militares que vi horas antes, acompanhados por outros cinco, entram na minha sala.
- Marinho, algeme-o. (A ordem é do baixinho)
Antes mesmo de sentir o frio do metal das algemas, caio no chão desmaiado. Eles estavam nervosos. O jornal os pôs nervosos. Na verdade Marinho não me algemou, não naquela hora, ele apenas se limitou a me dar uma coronhada e me levar preso.
Mas era tarde para os militares tentarem desfazer o que havíamos feito. Jornais do mundo inteiro estavam divulgando o golpe. O povo estava na rua indignado. Por isso eles foram para frente das prefeituras e palácios dos governadores, até mesmo para o congresso, todos guiados por líderes de movimentos sociais.
Dessa maneira os militares não conseguiram tomar o poder da maior parte do território. Em alguns locais eles tiveram sucesso. Mas dias depois, após muita negociação eles devolveram os poderes que tinham tomado. Muitos civis foram presos durante este processo, mas pouco a pouco as pessoas foram sendo liberadas, alguns com marcas de tortura. Mesmo no século 21 utilizaram desta técnica para amedrontar a população. Eu também fui libertado, mas sem antes haver rodadas e mais rodadas de negociações.
Por fim, o golpe não passou de um trote, mas que deixou cicatrizes profundas em muitos brasileiros.

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